O jingle que embala há anos a campanha da Seleção Brasileira de
Futebol na maior emissora do Brasil dá o tom do post de hoje. A famosa
musiquinha fala que “na torcida são milhões de treinadores” e que “cada um já
escalou a Seleção”.
Projeto da Arena Olímpica Rio 2016* |
Evidentemente, este envolvimento
é super bem-vindo e deve ser mesmo incentivado, mas, com ele, também vem seu
efeito negativo: os comentaristas ocasionais olímpicos ou “comentaristas de 4
em 4 anos” ou “comentarias quadrienais”.
Defino. Todo mundo que passou os
últimos 4 anos sem sequer ler uma notícia sobre os esportes olímpicos ou
assistir a um evento esportivo, quer ao vivo, quer pela televisão, começa a “entender”
tudo sobre aquele esporte e, o mais grave, muitas vezes para julgar os atletas
que lá estão apenas pelo resultado imediato da competição, esquecendo os feitos
que tiveram durante todo o ciclo olímpico.
Sim, é verdade que, para a
maioria dos esportes, a Olimpíada é o evento mais importante de todos, mas não
deixa de ser mais um torneio, apto a somar na carreira dos atletas, mas nunca a
diminuir seu currículo.
É como se a chegada dos Jogos transformasse
instantaneamente todos os habitantes do País em especialistas nas mais diversas
modalidades olímpicas, desde as mais populares no Brasil, até as menos comuns.
Creio, inclusive, que o fenômeno será agravado pelas redes sociais, já que
essas devem ser as Olimpíadas mais conectadas da história.
Assim, nesses dias que faltam
para que as Olimpíadas comecem, vamos nos contagiar sim pelo espírito olímpico,
mas vamos procurar nos informar sobre quem serão nossos representantes, o que
eles construíram nos anos que antecederam os Jogos Rio 2016, mas, mais do que
isso, o que têm feito ao longo de sua carreira como um todo, quem são seus
maiores adversários, como eles chegam igualmente para a competição.
Não é também porque somos o
País-sede que isso nos credenciará como favoritos em todas as modalidades.
Temos sim esportes em que somos mais cotados e outros nem tanto, como seria se
as Olimpíadas fossem em qualquer lugar do mundo. Recordemos, porém, que
favoritismo não entra em quadra, em campo, em tatame, em tablado, em pista...
Além disso, vamos respeitar todos
os que ali estão. Como li num texto interessante do Fábio Porchat (leia aqui),
nossos atletas não têm culpa da situação em que o País se encontra e estão lá
para fazerem o seu melhor, para o que se prepararam durante anos.
Então, tornemos o fato de os
Jogos serem no Brasil não como um fator negativo para nossos atletas, com
pressão excessiva, mas sim como uma vantagem de termos uma torcida
participativa e que não apoia só nos bons momentos, mas que dá a força extra no
momento de dificuldade.
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