segunda-feira, 20 de junho de 2016

Os comentaristas quadrienais

O jingle que embala há anos a campanha da Seleção Brasileira de Futebol na maior emissora do Brasil dá o tom do post de hoje. A famosa musiquinha fala que “na torcida são milhões de treinadores” e que “cada um já escalou a Seleção”.

Projeto da Arena Olímpica Rio 2016*
Pois bem, estamos a poucos dias do início das Olimpíadas, e, em que pese, como já falamos em outra oportunidade, os Jogos não terem tanto apelo popular quanto a Copa do Mundo, eis que, com a aproximação do evento, as pessoas pouco a pouco começam a se envolver no clima olímpico.

Evidentemente, este envolvimento é super bem-vindo e deve ser mesmo incentivado, mas, com ele, também vem seu efeito negativo: os comentaristas ocasionais olímpicos ou “comentaristas de 4 em 4 anos” ou “comentarias quadrienais”.

Defino. Todo mundo que passou os últimos 4 anos sem sequer ler uma notícia sobre os esportes olímpicos ou assistir a um evento esportivo, quer ao vivo, quer pela televisão, começa a “entender” tudo sobre aquele esporte e, o mais grave, muitas vezes para julgar os atletas que lá estão apenas pelo resultado imediato da competição, esquecendo os feitos que tiveram durante todo o ciclo olímpico.

Sim, é verdade que, para a maioria dos esportes, a Olimpíada é o evento mais importante de todos, mas não deixa de ser mais um torneio, apto a somar na carreira dos atletas, mas nunca a diminuir seu currículo.

É como se a chegada dos Jogos transformasse instantaneamente todos os habitantes do País em especialistas nas mais diversas modalidades olímpicas, desde as mais populares no Brasil, até as menos comuns. Creio, inclusive, que o fenômeno será agravado pelas redes sociais, já que essas devem ser as Olimpíadas mais conectadas da história.

Assim, nesses dias que faltam para que as Olimpíadas comecem, vamos nos contagiar sim pelo espírito olímpico, mas vamos procurar nos informar sobre quem serão nossos representantes, o que eles construíram nos anos que antecederam os Jogos Rio 2016, mas, mais do que isso, o que têm feito ao longo de sua carreira como um todo, quem são seus maiores adversários, como eles chegam igualmente para a competição.

Não é também porque somos o País-sede que isso nos credenciará como favoritos em todas as modalidades. Temos sim esportes em que somos mais cotados e outros nem tanto, como seria se as Olimpíadas fossem em qualquer lugar do mundo. Recordemos, porém, que favoritismo não entra em quadra, em campo, em tatame, em tablado, em pista...

Além disso, vamos respeitar todos os que ali estão. Como li num texto interessante do Fábio Porchat (leia aqui), nossos atletas não têm culpa da situação em que o País se encontra e estão lá para fazerem o seu melhor, para o que se prepararam durante anos.


Então, tornemos o fato de os Jogos serem no Brasil não como um fator negativo para nossos atletas, com pressão excessiva, mas sim como uma vantagem de termos uma torcida participativa e que não apoia só nos bons momentos, mas que dá a força extra no momento de dificuldade.

*http://s2.glbimg.com/BB9Zz9sOPZ45FbKwNb50aGT6dog=/43x0:1104x722/690x470/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2015/01/28/arena_copa.jpg

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