Como prometido, iniciaremos hoje
nossa série especialíssima com algumas personalidades esportivas e/ou olímpicas
dividindo com vocês alguns momentos de torcedores e, para começar, temos
ninguém menos do que LARISSA!
Larissa no Sofia nos Jogos |
Larissa França, The Magic Woman, é
a melhor jogadora do mundo na atualidade e esta não é só uma opinião minha: a
Federação Internacional de Voleibol (FIVB) assim a reconheceu no ano passado. Ela
já superou a marca de 1000 vitórias e é uma colecionadora de recordes e de
títulos. Para citar, resumidamente, os mais importantes, ela é octacampeã
brasileira, heptacampeã do Circuito Mundial, campeã mundial, bicampeã
pan-americana e medalhista olímpica de bronze.
Ela esteve nas últimas duas
edições dos Jogos Olímpicos, com Ana Paula e Juliana, respectivamente (Pequim
2008 e Londres 2012), tendo conquistado a medalha de bronze nesta última. Junto
com Talita, foi a primeira dupla brasileira de vôlei de praia a conquistar a
vaga para o Rio 2016.
A dupla Larissa e Talita foi
formada em meados de 2014, depois de Larissa ter tirado um período sabático no
fim de 2012, e conquistou um recorde de 61 vitórias consecutivas, além do
bicampeonato brasileiro.
Como vocês já devem ter
percebido, Larissa é também um dos meus ícones do vôlei de praia e, para mim,
uma das personalidades mais inspiradoras do esporte. Admiro a personalidade da
Larissa, seu jeito aguerrido e perfeccionista dentro de quadra e sua busca
incessante pela perfeição no seu trabalho.
Larissa saudando o público cearense que tanto a reverencia |
Durante a Etapa Open de
Fortaleza, etapa em que Larissa joga em casa, visto que aqui reside há mais de
15 anos, e em que confirmou seu título de octacampeã brasileira (foram seis
anteriormente, sendo cinco com Juliana e um com Vivian), tive a oportunidade de
bater um papo descontraído com ela.
Na entrevista que vocês lerão a
seguir, Larissa fala sobre sua infância, revelando que o esporte sempre
acompanhou sua trajetória, bem como demonstra gratidão por aqueles que a
ajudaram no início, atitude digna de uma campeã, além, é claro, de dividir algumas memórias e expectativas
olímpicas!
1. O
que você se lembra da sua relação com o esporte na infância?
Na infância, eu
costumava brincar na rua. Sempre gostei muito de jogar e sempre joguei tudo
quanto era esporte! Não jogava só vôlei: jogava vôlei, basquete, handebol,
futebol, praticava atletismo, tudo o que tivesse eu jogava! Desde pequenininha
que eu acordava 5:30h da manhã, pegava minha bicicletinha, jogava de 6 às 8h
vôlei, de 8 às 10h basquete, de 10 ao
meio-dia handebol, 12:20h passava em casa, almoçava, ia pra escola, depois de
lá, voltava para a quadra. Quando eu fiz 15 anos, fui morar em Belém e jogar
vôlei de quadra. A partir daí, tive mais momentos de disciplina, de estar no
meio do esporte, um pouquinho mais profissional, mas ainda era amador.
2. De
quem você se lembra nesse início?
Tenho momentos
muito especiais deste início, como o cara que me ajudou nessa época, o Lindon
Johnson, depois teve o Jânio, um cara super especial, que eu conheci em Belém,
que me colocou realmente no vôlei, depois, chegando em Fortaleza, teve primeiro
o Wesley, depois o Reis e o Oliveira e, mais importante do que estar jogando e
do que os títulos que a gente conquista, são essas coisas fora, que as vezes as
pessoas não sabem. Pessoas importantes que fazem com que hoje eu seja quem eu
sou. Além deles, minha mãe, meu pai. Se não fosse minha mãe, eu não estaria
aqui. Minha mãe sempre me apoiou muito.
3. Quando
você via as Olimpíadas na TV, você se imaginava fazendo parte delas?
Ah, sempre
sonhei! Sempre quis! Eu acho que é o sonho de qualquer atleta. Eu acho que eu
nasci para o esporte! Eu tinha que ser jogadora de alguma coisa, não sabia de
que, mas eu tinha que ser! Eu gostava de tudo quanto era esporte! Assistia a
tudo o que tinha na televisão, quando eu tinha tempo, porque passava o dia na
rua praticando esportes.
4. Você
já esteve em duas Olimpíadas e está prestes a participar da sua terceira, mas,
antes disso, quando você ainda era apenas uma torcedora, qual sua lembrança
olímpica mais antiga?
Acho que da
Jackie e da Sandra ali conquistando o ouro, foi bem no início [Atlanta 1996].
Eu era novinha, tinha 12 anos. Acho que todo mundo assistiu a esse jogo, porque
foi Brasil contra Brasil e a chamada foi bem assim emocionante. Era um momento
especial que o Brasil estava vivendo também de poder conquistar a medalha pela
primeira vez. A primeira medalha é sempre especial e eu achei muito bacana e
fiquei muito feliz por causa disso. 2004 [Atenas] também foi
bem presente, eu já era profissional, a gente [Larissa jogava com Juliana na
época] quase se classificou, foi por muito pouco, fomos vice-campeãs mundiais
naquele ano. Lembro-me do Ricardo e do Emanuel ganhando o ouro.
5. Um
momento olímpico especial seu?
Teve Londres. A medalha
que eu ganhei foi bem especial. Só quem joga uma Olimpíada sabe o que é estar
em uma Olimpíada. Apesar de ter várias conquistas, vários títulos do Circuito
Mundial [Larissa tem sete no total], mas Olimpíada é especial.
Larissa e Juliana na conquista da medalha de bronze em Londres 2012 [1] |
6. Quais
são seus ídolos olímpicos/esportivos, independentemente da modalidade?
Ayrton Senna,
que é uma referência para todo mundo. Shelda: sempre me espelhei muito nela e
acho ela uma guerreira mesmo e, no esporte, se você não for assim, você não
consegue, então a Shelda foi um exemplo muito importante para minha carreira. Gosto
do Michael Jordan, campeoníssimo, e da Ronda Rousey. Eu acho que a gente tem
que se espelhar no que é bom, nas pessoas que são campeãs.
7. Quando
você está participando das Olimpíadas, consegue assistir a alguma competição?
É muito difícil
enquanto estamos competindo, porque tem que se concentrar, é tudo muito
distante e a gente tem que pensar no nosso, é muita coisa para estudar, para
analisar, muitos vídeos, treinar, descansar, então não dá. Agora, depois que
acaba, se ainda tiver alguma coisa, dá para ver! Em Pequim, eu fui assistir ao
polo, à ginástica, ao vôlei de quadra, foi bacana!
8. Qual
sua expectativa para o Rio 2016?
Vai ser uma festa
muito bonita, vai ser muito bom! As expectativas são as melhores possíveis!
Poder contar com o apoio da torcida, da família, dos amigos... Jogar uma
Olimpíada dentro de casa é um privilégio que a nossa geração está passando. O sonho
de qualquer atleta é jogar uma Olimpíada, uma Olimpíada dentro de casa... vai
ser especial! A gente está treinando para isso, se preparando para fazer bonito
e dar alegria para o povo brasileiro, para o nosso time, para os fãs e para
todo mundo que gosta da Larissa e da Talita!
Eu e Larissa |
Enfim, desde já, estamos na
torcida para que a Larissa, junto com a Talita, represente muito bem nosso país
e, como ela mesma falou, possa trazer alegria para nosso povo!
[1] http://imguol.com/2012/08/08/larissa-e-juliana-beijam-a-medalha-de-bronze-conquistada-nos-jogos-olimpicos-de-londres-1344463424383_1024x768.jpg
* Demais fotos: arquivo pessoal Sofia nos Jogos