Particularmente, não gosto de ler
livros de auto-ajuda. Prefiro as histórias reais de superação que podemos
acompanhar no cotidiano, sejam de pessoas que estão ao nosso lado, sejam de
esportistas admiráveis, seja por meio do diálogo com essas pessoas, seja por
meio da leitura de suas biografias ou por seus documentários na televisão ou na
internet.
As Olimpíadas estão repletas de
histórias desse tipo! A cada edição, novos herois surgem. Algumas vezes pelos
resultados excepcionais, como Michael Phelps ou Usain Bolt; outras pelo
imponderável, como o maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, atacado
quando liderava a prova, o que tirou suas chances de ouro; outras pela
superação, como a famosa corredora que cruzou a linha de chegada esgotada, mas
foi até o fim.
Alguns deles, às vezes, sequer
lembramos o nome, como a última citada, mas recordamos com cores vivas a cena.
Também é bem provável que sequer lembremos quem ganhou as duas últimas provas mencionadas,
porque o que ficou gravado foi justamente a superação que os outros conseguiram
ter.
Mas hoje queria falar de uma
atleta olímpica que se tornou muito mais famosa pelo que fez depois de largar o
esporte olímpico: Ronda Rousey. Isso mesmo: a lutadora de UFC!
Foi durante sua pesagem no UFC
Brasil, em 2015, quando enfrentaria Bete Correia, que fiquei sabendo que ela tinha
participado de Olimpíadas e que tinha recém-lançado sua biografia.
Imediatamente, tratei de adquiri-la e a li de um fôlego só, sendo um dos meus
livros preferidos até hoje e que alçou Ronda a um dos meus ídolos esportivos,
mesmo sem ser muito fã da sua modalidade.
Ronda soube como poucos definir o
que eram as Olimpíadas e desejou desde criança estar nos Jogos:
“Desde quando eu tinha seis anos, eu sonhava em ganhar os Jogos Olímpicos. Naquela época, eu estava na equipe de natação local, assim, eu imaginava ganhar no nado de costas de cinquenta metros. Eu sonhava ficar em pé naquele pódio com minha medalha de ouro pendurada no meu pescoço. Meu pai me disse que eu brilharia no palco mundial. Eu sonhava com o rugido do público e a forma como o hino nacional encheria o natatorium. Quando eu comecei judô, eu levei meu sonho de ganhar os Jogos Olímpicos comigo.”
Ela participou, pela primeira
vez, em Atenas 2004, era ainda muito jovem, tinha apenas 17 anos, e ninguém
esperava muito dela. Porém, ela esperava muito dela mesma e desejou muito
conquistar uma medalha desde aquela edição.
Já em Pequim 2008, ela focou boa
parte de suas energias e de suas forças para estar naqueles Jogos e ganhar a
medalha de ouro. Até mesmo seu gato foi nomeado de Beijing, mesmo antes de ela
saber que participaria daquela edição.
Qual não foi sua frustração ao
ser derrotada, em uma decisão, a seu ver, controversa, e ficar “apenas” com o
bronze. Aquela medalha, contudo, não representou uma mudança significativa na
sua vida enquanto atleta de judô, mesmo tendo sido a primeira judoca americana
medalhista olímpica, tanto que foi depois dela que ela ficou meio sem rumo,
pois havia canalizado toda sua energia para as Olimpíadas. Porém, como ela
mesma diz, foi de derrotas marcantes que ela emergiu mais forte e foi aí que
ela descobriu as artes marciais mistas e o final, todos sabemos.
#pareiosspoilers
Ronda no pódio em Pequim 2008 [1] |
Vou destacar, porém, algumas das
passagens do livro que falam sobre Olimpíadas, sendo que algumas são quase
frases motivacionais para todos nós:
1. “Minha
mãe sempre diz que, para ser o melhor do mundo, você tem de ser bom o
suficiente para vencer em um dia ruim, porque você nunca sabe se a Olimpíada
vai cair num dia ruim.”
2. “Como atleta, você passa sua carreira pensando
que os Jogos Olímpicos serão o auge da sua vida inteira. Atleta olímpico é um
título que você tem para sempre. Mesmo quando você morre, você é um atleta
olímpico.”
3. “Eu
não tinha ganhado uma medalha de ouro, mas havia um sentimento de realização
que eu nunca teria acreditado que poderia vir do terceiro lugar. De todos os
terceiros lugares da minha carreira, o bronze da Olimpíada foi o único que eu
tive satisfação em ter.”
4. “-
Por que não você? – Ela [mãe de Ronda] disse. – Sério, por que não você? Alguém
tem de fazê-lo. Eles estão dando medalhas olímpicas. Eles estão literalmente as
dando. Por que você não vai conseguir uma?”
Essas frases apenas revelam o que
as Olimpíadas representam na vida de um atleta. Ser um atleta olímpico já é um
título vitalício; ganhar uma medalha, qualquer que seja a cor, uma glória; e,
sendo a de ouro, a consagração máxima de um esportista.
É bem verdade que Ronda não se
tornou mundialmente famosa por seu feito olímpico, mas se percebe o quanto os
Jogos marcaram de forma indelével sua vida e sua carreira, tanto que, até hoje,
sempre é apresentada como medalhista olímpica e, momento TV FAMA, tem tatuagens
no corpo representando os aros olímpicos, o logo de Atenas 2004, o logo do time
de judô dos EUA em 2008 e o lema dos Jogos.
Para finalizar, como um adendo,
gostaria de citar a definição dela da torcida brasileira. A definição de nós
que estaremos lotando arenas, estádios, ginásios, ruas, em frente a televisões
ou conectados à internet, para apoiar atletas brasileiros onde quer que eles
estejam, mas também para reconhecer o esforço e o mérito dos estrangeiros que
aqui virão competir de todo o mundo. Essas conclusões de Ronda são baseadas no
Mundial de Judô realizado em 2007, quando foi vice-campeã, no mesmo Rio de
Janeiro, sede das próximas Olímpiadas, onde também ganhou o ouro pan-americano:
“Um pandemônio puro. Os brasileiros eram a torcida mais louca e mais apaixonada que eu já tinha experimentado.”
“O lugar explodiu. A arena inteira estava assistindo a nossa luta, e todo mundo no prédio perdeu a cabeça depois de ver meu momento de Davi e Golias. A multidão entrou em erupção torcendo por mim.
Os aplausos não tinham nada a ver com quem eu era ou de onde eu era. Naquele momento, eles não se importavam: eles tinham visto algo incrível acontecer.
Meu confronto contra Bosch foi a única vez em que eu fui aplaudida no judô.”
Então, galera, é isso! Para quem
ficou interessado, o livro da Ronda chama-se “Minha luta – Sua luta” e é editado, no Brasil, pela Abajour Books, e eu, como deve ter dado para perceber, recomendo demais a leitura! Sim, Sofia nos Jogos também é leitura! ;)
Capa do livro da Ronda na versão brasileira |
[1] http://latimesblogs.latimes.com/olympics_blog/2008/08/rousey-takes-ho.html
PS: No caso da Ronda, infelizmente, não tenho uma foto com ela para ilustrar o post...
Nossa, que instigante! Amei o post👏👏👏👏
ResponderExcluirNossa, que instigante! Amei o post👏👏👏👏
ResponderExcluirEla teve dias de luta para conquistar dias de Glória. Nem passava por minha cabeça que ela foi Atleta Olímpica. 😄
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