quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Larissa e Talita: um capítulo à parte.

Se alguém me dissesse há 13 dias que as Olimpíadas acabariam assim no vôlei de praia feminino, eu me recusaria a acreditar.

Eu me planejo de estar aqui desde 2009, desde quando o Rio foi escolhido para sediar estes Jogos.

A decisão de vir ao vôlei de praia veio a se fortalecer mais a partir de 2010, quando passei a acompanhar a modalidade mais de perto.

Com a decisão da Larissa de se aposentar, no início de 2013, nunca abandonei a ideia de vir ver o vôlei de praia ao vivo, mas, desde aquele dia, Brasil e México, pela Copa do Mundo, em Fortaleza, quando ela anunciou oficialmente sua volta com a Talita, eu tive certeza de que elas estariam aqui e eu também.

Participei de todas as fases de vendas de ingressos, desde o primeiro sorteio até a fase de venda direta. Como não sabia em que sessões elas estariam, saí comprando tudo, para não correr o risco de não ver algum jogo. Detalhe é que, nesta época, elas ainda não estavam sequer classificadas para as Olimpíadas.

A classificação veio em agosto/setembro de 2015 e foi comemorada aqui no evento teste, no qual elas acabaram campeãs. Eu estava lá, também testando como seriam as Olimpíadas aqui.

Desde que a dupla juntou-se, foram poucas derrotas, muitas vitórias, muitos jogos memoráveis, muitas alegrias.

Vim para cá sonhando junto com elas e com toda a equipe e família que o final poderia ser dourado, diferente dos últimos Jogos, quando a medalha acabou escapando. Quantas vezes as imaginei no alto do pódio, medalha no pescoço, hino nacional entoado pela multidão...

Acompanhei não só cada um dos 7 Jogos destas Olimpíadas, mas boa parte de todos os que fizeram para chegar até aqui.

E vi cada jogo aqui. Estive em cada um deles. Vi darem show nos 3 primeiros. Vi pegarem as algozes de outra etapa e eliminarem a Alemanha 2. Vi fazerem um jogo memorável contra a Suíça no qual tive certeza de que ninguém ganharia mais delas. No final deste, chorei. Lágrimas de alívio e de alegria, pois, durante boa parte do jogo, só pedia a Deus que não deixasse acabar naquele dia. Felizmente, não acabou, tive a chance de vê-las em ação mais duas vezes e, nas duas vezes, terminei com lágrimas nos olhos. Lágrimas, desta vez, de tristeza.

Não se trata de fanatismo, mas de empatia. Sonhei junto com elas com essa medalha e ela não veio. Dói, dói muito, porque mereciam por toda a história que construíram individualmente e enquanto dupla. Dói porque são julgadas por uma nação inteira por duas partidas que viram e não pelo conjunto da obra. Dói porque, enfim, Olimpíadas são Olimpíadas e eu queria vê-las no pódio, muito, muito mesmo, com todas as minhas forças, quase como se fosse eu mesma que fosse ganhar a medalha também. Dói porque conheço quase que cada um da equipe, com quem convivi até mais intensamente nessas Olimpíadas, sempre encontrando antes ou depois dos jogos. Dói porque as duas são pessoas maravilhosas que sou grata de ter conhecido e convivido um mínimo que tenha sido. Dói porque elas foram e serão sempre inspiradoras. 

Então melhor chorar, deixar cair todas as lágrimas que estão presas no peito. Mas a vida segue...

As derrotas fazem parte da vida, ainda mais de atletas profissionais, de alto rendimento. Sem dúvidas não apagam o fato de que foram uma das duplas mais empolgantes que vi jogar, que me proporcionaram momentos de muita alegria. Não apagam a brilhante história e o papel que cada uma tem no vôlei de praia brasileiro. Não muda em nada meu sentimento de admiração e inspiração por elas.

Quero lembrar desses Jogos com alegria. Com alegria de ter visto um gênio, que é a Larissa, jogar Olimpíadas em casa, de ter visto Talita disputar sua terceira Olimpíada também em casa e com gratidão a Deus por tudo e a elas por todos os momentos memoráveis que tiveram até agora. Quantas pessoas não gostariam de ao menos ter estado aqui e não puderam por diversos motivos? Para ver a Larissa no Pan, em 2007, até de um celular emprestado precisei e agora pude vê-la em ação ao vivo, isso vale uma medalha.

Bola para frente, meninas! Não se arrependam de nada! Tudo valeu a pena!




2 comentários:

  1. Sofia... você vai poder dizer pra sempre: Eu estive no Rio 2016, claro que gostaríamos de ver muitas medalhas e você que tanto se planejou e que acompanhou tão de perto, sente muito mais, mas não tinha que ser. A vida é assim e no esporte principalmente.

    Mas as hsitórias são pra sempre! Amei cada minuto, vou até escrever, agora mesmo.
    Um beijo e até a próxima, agora vamos passear no Rio.

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    1. Verdade, Rafa! Não há motivo para se arrepender e sim para agradecer. Não foi como eu esperava, sim, é verdade, mas quem somos nós para adivinharmos o futuro? Vida que segue! Daqui a 4 anos tem mais! 😘

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